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Mãos Cheias de Nada

Retalhos dos meus dias tristes...

Mãos Cheias de Nada

Retalhos dos meus dias tristes...

23.Set.16

Agree to Disagree

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Muitas das nossas decisões geram questões e dúvidas até naqueles que nos são mais próximos.

Quantas vezes já perdemos horas a explicar, elucidar, detalhar determinada frase ou situação em que nos envolvemos?

Quantas vezes procurámos inclusivamente exemplos de situações alheias para nos fazer entender? E quantas vezes demos por nós a pensar que nem fazendo um desenho conseguiremos esclarecer o nosso ponto de vista. Perdemo-nos com explicações longas e detalhadas e esquecemo-nos que, no final, haverá sempre alguém que nos irá interpretar de um modo completamente divergente daquele que era o nosso intuito.

Existirão sempre pessoas que terão algo a acrescentar áquilo que dizemos ou fazemos. Existirão sempre julgamentos (certos ou errados) em relação às atitudes que temos ou à forma como agimos perante as mais diversas situações. Existirão sempre pessoas que não irão perceber…

Somos toda uma vida percorrida, experiências vividas, e nem todos podem conhecer o que motiva as nossas acções e as nossas atitudes. Todos nós temos uma bagagem diferente, mesmo quando experienciamos situações semelhantes, porque cada um de nós sente de uma forma muito peculiar. Somos livres para sentir as nossas próprias emoções da forma que o entendermos. As decepções, as mágoas, as alegrias, os amores e desamores, as vitórias e as derrotas que enfrentámos, só nós sentimos na pele. Como tal avaliamos as situações de acordo com a nossa experiência e a nossa forma de encarar a vida.

Na realidade a maioria de nós aprendeu que quando as nossas atitudes desagradam os outros deveremos pedir desculpa, ou pelo menos explicar o porquê da nossa atitude menos correcta. Mas por vezes esta “menos correcta” só o é aos olhos dos outros. Se agimos de acordo com a nossa vontade, com aquilo que sentimos e acreditamos como certo, se foi o caminho que escolhemos seguir, porquê menos correcta?

Aprender a não nos justificarmos, nem a dar explicações também faz parte do nosso processo de crescimento e desenvolvimento pessoal. É claro que existem situações em que erramos e como tal deveremos assumir, explicar e retractar-nos pelo que fizemos, pedir desculpa e seguir em frente. Admitir as falhas demonstra apenas a maturidade, não a pequenez do ser humano.

Mas se não há arrependimento, porquê nos desculparmos? Se não há erro, porquê justificar? E se do outro lado a nossa acção já foi assumida como errada para quê explicar? Não será demasiada pretensão nossa assumir que todos terão que compreender o nosso ponto de vista? Temos necessariamente que ser constantemente entendidos pelos outros?

Há julgamentos acelerados, aqueles que são elaborados mesmo antes de nos terem ouvido, que não se irão alterar, nem mesmo com a melhor boa vontade do mundo. Há que entender que aquilo que os outros pensam é a realidade deles, não a nossa. As opiniões são as deles, não as nossas. Quando há respeito e integridade, explicar em demasia é contraproducente, apenas esgota recursos e desgasta emoções.

 

Concordemos então em discordar, afinal somos sempre responsáveis pelo que fazemos, não pelo que os outros entendem…

 

22.Set.16

Walking on my Shoes

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Facilmente emitimos opiniões em relação aos outros, sem nunca pararmos para reflectir sobre o porquê dessa nossa necessidade de opinar. Porque julgámos aquela pessoa pelo forma como se veste, pelo cabelo que escolheu, porque é gorda, porque é magra, porque sofre em demasia, por se arrasta atrás de alguém, porque está presa àquela relação…Nem tão pouco paramos para pensar na dor que pudemos causar com um pequeno comentário que fizemos.

Imprudentemente dizemos que o que os outros pensam de nós não nos afecta, mas sabemos perfeitamente que não é bem assim. Por vezes o momento em que o dizemos, o contexto em que estamos inseridos, a forma como o dizemos basta para causar um maior sofrimento e em nada estamos a ajudar.

Não deveremos julgar ninguém, mas se o fizermos não deveremos antes conhecer cada detalhe da sua história? Agir de forma neutra e com equilíbrio? Cada pessoa encerra em si um sem número de sentimentos, e em nada nem ninguém deverá julgar sem antes conhecer cada detalhe. Todos guardamos em nós assuntos mal resolvidos, fantasmas, emoções mal geridas. A única diferença está na forma como cada um de nós aprendeu a lidar e a enfrentar esses problemas.

Poucos são aqueles que se aventuram a tentar conhecer-se a si próprios, a analisar as próprias atitudes, mas não tem qualquer dificuldade em criticar os outros. A verdade é que nunca conhecemos ninguém por inteiro, mas assumimo-nos como verdadeiros psicólogos e analistas e emitimos julgamentos com uma leviandade quase moral sem tão pouco ponderarmos nas consequências ou nos condicionamentos que poderemos estar a causar.

Estereotipamos comportamentos, etiquetamos atitudes e atribuímos adjectivos com a maior das facilidades, apenas porque nos achamos conhecedores de uma verdade quase universal. Idealizamos para os outros aquilo que o nosso percurso nos ensinou. Encaixamos os outros nas nossas experiências, na nossa forma de vida, na nossa forma de pensar, ignorando que todos temos caminhos e aprendizagens diferentes.

Na verdade, conhecemos as pessoas mas nem sempre conhecemos a sua história por inteiro. Podemos até ter ouvido da sua boca o que lhe aconteceu, mas nunca saberemos o que passou. Não fazemos ideia da dificuldade com que enfrentaram determinados desafios, nem as batalhas travadas para aqui chegar. A verdade é que ninguém gosta de apregoar as derrotas que conquistou, as humilhações a que se sujeitou, as desilusões que sofreu. Há pesos que carregam no peito que levam uma vida inteira a esmagar na expectativa de minimizar a mágoa e a angústia que causam. Pesos esses que nos são muitas vezes omissos.

Somos alheios às emoções dos outros e numa quase cegueira selectiva, ignoramos aquilo que as nossas críticas provocam nos outros. É importante aprender a colocar-nos no lugar do outro, escutar atentamente antes de falar, reconhecer sentimentos e não exigir mais do que nos pode dar.

 

“Before you start to judge me, step into my shoes and walk the life I’m living, and if you get as far as I am, just maybe you will see how strong I really am.”

20.Set.16

Um post diferente

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“Nunca tivemos uma geração tão triste” – Augusto Cury (psiquiatra)

 

Não sendo eu mãe é-me retirado o direito de opinar sobre estas questões, mas não me impede de analisar aquilo que é real, efectivo, alvo de inúmeros estudos e até de análise por parte de psicólogos e educadores. Acompanho de perto algumas novas gerações e é preocupante aquilo a que assistimos no nosso dia-a-dia. O acesso ilimitado à internet e a tanta tecnologia, desde smartphones, redes sociais, videojogos, a imposição de um sem número de actividades, com demasiadas exigências em relação ao futuro, o consumo excessivo, não estarão a criar gerações completamente desprovidas de emoções reais? Hoje as crianças são tratadas na sua maioria de igual forma, como se viessem ao mundo com manuais de instruções integrados. Ainda não falam e tem tablets, ainda não saem sozinhos e já têm telemóveis. Sabem mexer melhor em qualquer computador ou televisão do que a maioria dos pais.

Não se trata de uma crítica aos pais, mas sim a toda uma evolução da sociedade que de algum modo tem que ser reavaliada. Esta evolução trouxe consigo um nível de exigência muito elevado. O consumismo invade os lares diariamente, as necessidades das nossas crianças hoje são demasiadas dispendiosas, e os sacrifícios dos pais para colmatar essas mesmas necessidades são abismais.

É certo que a qualidade de vida dos próprios pais leva a que estas situações sejam crescentes. A falta de meios que obriga a horários prolongados de trabalho, o cansaço físico no final de cada dia, a incapacidade de poder usufruir de férias de qualidade, são tudo condições que limitam a função parental.  Nem todos os pais podem contar com avós que reduzam o número de horas que uma criança passa fora de casa. Entre aulas e todas as actividades extracurriculares, uma criança tem tantas horas de trabalho quanto um adulto, tendo em conta até todas as obrigações que se acrescem quando chega a casa, os tpcs, os banhos, o jantar (sim, porque para os miúdos são obrigações!).  E depois de tudo isto, a exaustão do adulto é superior à da criança, pelo que a televisão, o computador, o tablet ou até o Iphone do pai ou da mãe é uma solução mais que viável para colmatar a nossa falta de paciência e resistência física que só os pequenitos têm.

Augusto Cury refere todas estas situações como preocupantes e geradoras de futuros génios fechados sobre si mesmos, propensos a transtornos psíquicos, gerados pela ansiedade, e pela falta de aprendizagem emocional, sendo a próxima geração totalmente individualista e carregada de interesses pessoais.

E como não alimentar isto, se somos nós adultos e de gerações anteriores tão dependentes de todos estes gadgets e do acesso constante à internet e às redes sociais. Augusto Cury lança o desafio aos pais de se desligarem de tudo isso aos fins-de-semana, de modo a poderem disfrutar das coisas simples da vida com os filhos, numa partilha e apreciação da natureza, do convívio, do contacto humano. Consegue alguém imaginar este desafio aceite pelos pais da nossa sociedade de hoje? Eu tenho as minhas dificuldades…

09.Set.16

Loving Angels Instead

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A noite chega devagar e obriga-me a fazer-lhe companhia. Desperta-me num sussurro tímido. Acorda-me a mente inquieta. Murmura-me aturdida e pergunta-me porque ainda estou aqui. Um dia será o último. O amanhã pode não chegar e a tua espera permanece.

A minha resposta é simples. Puro amor. Por tanto acreditar na nobreza de um sentimento que tanto nos dá e nos tira. Esse sentimento que nos dilacera e nos enaltece. Esse sentimento que nos apazigua e pede resguardo. Tão simples. Apenas por amor.

Amar-te? Amar-te é seres parte de mim, não de uma forma dominadora ou subjugada, mas como uma extensão do meu ser. É amar-te simplesmente porque sim. É amar-te sem angústia ou sofreguidão, sem prudência ou cautela. É amar-te tal como és, com tudo o que sou e tudo o que tenho. É perder-me na ternura dos teus afectos. É ter a voz embargada pelo aperto no peito quando o teu olhar me toca e as tuas mãos me envolvem. É render-me a ti nas noites em que somos apenas um. É abrir-te a porta e deixar-te ficar. E é deixar-te ir. É deixar cair o véu das ilusões e acreditar. É sentir na intensidade de um gesto a serenidade de uma vida. É dar-te chão para pousar e asas para voar. É entregar-me num sorriso beijado pelas lágrimas que me lavam o rosto.

É amar-te na nossa (im) perfeição.

Mas a ausência induziu-nos em coma, e o tempo distanciou, arrefeceu, revelou. E esse amor fugaz que outrora nos enfeitiçou, morreu acorrentado ao abandono que nos afogou. E a minha espera terminou…

07.Set.16

Gift

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A própria vida encarrega-se de filtrar o que vai e o que fica. O que nos dá e o que nos tira. A vida une e separa. Às vezes até de forma desajeitada e confusa, sem senão nem porquê. E mesmo diante de desencontros e diferenças, a vida simplifica. E a simplicidade serena, sossega, enaltece. A simplicidade é gratificante, plena. E é na simplicidade que encontramos pessoas autênticas, genuínas. As que amam, perdoam, agradecem. As que acreditam no poder de um abraço e dos beijos na testa, as que nos somam e engrandecem, as que nos inspiram e iluminam, as que nos comovem e emocionam, as que dividem sorrisos e partilham gargalhadas. As que nos emprestam parte do que são e ficam em nós. As que nos apoiam na nossa insanidade e dão verdadeiro sentido à vida. As que se perdem nas conversas eternas e nos silêncios puros. A própria vida encarrega-se de filtrar o que vai e o que fica. E mesmo na adversidade, a vida inspira. E de peito aberto ergam-se os copos, e por entre o tilintar do vidro, brindemos aos que nos preenchem e fazem de nós melhores pessoas.

 

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”  (Fernando Pessoa)