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Mãos Cheias de Nada

Retalhos dos meus dias tristes...

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Retalhos dos meus dias tristes...

22.Dez.16

Forgive & Forget

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Afinal o que é o perdão? Perdoar é esquecer? Perdoamos mas não esquecemos? Só perdoamos quando efectivamente esquecemos o que nos magoou?

Perdoar não tem necessariamente que ser esquecer. Até porque o que é passível de ser esquecido provavelmente não terá grande importância...se não tem importância, não há o que perdoar…

Há momentos na nossa história que são extremamente difíceis. Todos, a dada altura, enfrentamos situações que nos magoam, abrem feridas, geram cicatrizes. Há experiências que nos marcam, ficam gravadas na nossa alma talvez até para sempre. A nossa memória é uma bagagem de mão, vai connosco para onde formos, acompanha-nos. Perdoar implica que podemos trazer essas memórias connosco e recordá-las mas sem as revivermos com a mesma angústia ou mágoa. Podemos não esquecer o que nos magoou, mas podemos optar por não permitir que esses actos condicionem a nossa vida, condicionem a nossa forma de estar e conduzam a nossa forma de agir.

Por isso perdoar é um acto tão poderoso. Por vezes excessivamente difícil, mas libertador. Porque perdoar implica muito mais do que aquilo que pensamos, e não se trata de dar razão a quem nos magoou, não se trata de nos conformarmos com o que aconteceu, mas sim aceitar, aceitar que todos cometemos erros, que todos a dada altura falhamos e todos merecemos uma oportunidade. Implica também até aceitar o que não entendemos ou conseguimos justificar. E aceitar não significa resignação ou concordância. Significa apenas que não podemos refazer o passado, mas podemos renovar a confiança no futuro de forma mais genuína.

Perdoar é uma decisão. É uma escolha nossa. Perdoar é enfrentar a nossa dor mais profunda e dizer-lhe basta! É não continuar a alimentar o sofrimento e emoções como a mágoa, a raiva, o rancor, frustração, que nos consomem e nos limitam capacidades e nos impedem de voltar inteiros…E não é preciso esperar pela humilhação de alguém para a perdoar, não é preciso esperar que chegue um pedido de desculpas, até porque esse pode nunca chegar. Há que entender que, antes de mais, o perdão é para nós, não para os outros, permite-nos crescer, seguir em frente. Permite-nos renovar energias e reconciliar-nos com a vida, e connosco.

Somos seres emocionais e como tal a dor é inevitável, mas perpetuar o sofrimento, mesmo que irreversível, é uma escolha. Não perdoar alimenta emoções corrosivas que crescem ao ponto de quase ganharem vida própria. Há recomeços que só são possíveis se soubermos perdoar. E a leveza que nasce de um perdão, que mesmo sem ser merecido tivemos coragem de dar, chega carregada de paz. Perdoar é um presente que oferecemos a nós próprios.

 

“Perdoar é o valor dos corajosos. Somente aquele que é bastante forte para perdoar uma ofensa sabe amar.” Mahatma Gandhi

 

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