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Mãos Cheias de Nada

Retalhos dos meus dias tristes...

Mãos Cheias de Nada

Retalhos dos meus dias tristes...

09.Jun.16

Identidade

 

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 “O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!” Florbela Espanca

 

 É quase isto…Sou uma exaltada sim, zangada com a vida, comigo, com os outros. A busca de coisa nenhuma alimentou esta angústia que me consome. O espaço entre mim e os outros tornou-se abismal. Não deixo entrar em demasia. Não partilho em excesso. Defesas de quem foi tantas vezes sentenciada sem ter oportunidade de ser julgada. Mas hoje estou diferente…a intensidade das minhas palavras quase violentas, libertou-me…as saudades sei lá do quê são mais óbvias…o sentimento de perda esvaziou-se…

 

Entender o comportamento humano é difícil, exige intuição, paciência, atenção …um saber ouvir que nem todos temos. Mas quando se compreende é surpreendente a leveza que trás consigo. Entender o meu mundo tem sido uma guerra de anos. Batalhas travadas comigo e com os outros. Porque poucos me conhecem, porque poucos me compreendem. Não condeno. Afinal de contas os meus soldados foram treinados arduamente para proteger esta minha muralha construída com ajudas desnecessárias.

 

Torna-se agora mais claro a minha busca de coisa de nenhuma… a minha identidade, a minha essência, a consolidação do meu eu…neste diálogo íntimo que têm sido as minhas noites percebi que a maior guerra que travo é entre aquilo em que me tentaram transformar e naquilo que acredito que sou. Esta dualidade trouxe consigo uma instabilidade emocional e comportamentos diversos e repetitivos. Coerente dentro de uma incoerência constante. Separar-me da minha sombra pode ser arrojado. Não tenho ainda um caminho traçado, nem uma poção mágica que me traga de volta, mas sei que já não estou tão longe assim…